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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Agenda. Eis a questão

Para que conste: notas.verbais@gmail.com

Por tradição própria de periferia auto-punitiva ou de centro do mundo belfo, a transparência das agendas não faz parte da cultura política e diplomática portuguesa, com excepção dos casos em que o protagonismo circunstancial força ao exercício.

Em função desse mesmo protagonismo circunstancial e por regra, o conceito de agenda política e diplomática, entre nós, tem-se circunscrito ao de apoio concedido a jornais, rádios e televisões visando conferir eficácia à promoção da imagem dos decisores intervenientes e, noutros casos, à promoção do prestígio de políticas, pelo que, se a agenda não servir ou não servir muito, também não valerá o exercício.

E assim se fica a desconhecer não só o muito que positivamente se faz, como também não se identifica com exactidão omissões graves, ausências imperdoáveis e esquecimentos jamais submetidos a escrutínio. E também é assim que as carteiras de contactos, as pressões directas e as sugestões veiculadas com aquela espécie de condições prévias não declaradas mas quase sempre tácitas, por parte de assessores, adjuntos, chefes de gabinete e interposições correlativas acabam por «sugerir a agenda», uma «agenda calculada», não a todos os que à partida são intermediários da e para a Sociedade mas apenas a um número restrito e variável dos que, segundo se julga, garantirão a eficácia à promoção de imagem e prestígio, não se passando disto. Arquivos de jornais, rádios e televisões são já, em matéria de diplomacia, relações externas e relações internacionais, imensos cemitérios de imagens defuntas e de prestígios cremados, enquantos os sites oficiais se revelam com aquela mesma anemia e amnésia que ao longo de décadas deformou os teclados AZERT e HCESAR da burocracia que viu sempre na agenda transparente um incómodo.

Faremos aqui um esforço, um modesto e simples esforço, para uma Agenda Diplomática de Lisboa. Exactamente de Lisboa, do que será do interesse de Lisboa ou para o interesse de Lisboa.

Para tanto, será importante a colaboração de diplomatas, funcionários e de organizações especializadas (dos direitos humanos à economia, do apoio ao desenvolvimento às que se cruzam com a reflexão académica sobre as matérias «da agenda». O simples envio por e-mail daquela acção ou iniciatica, com indicação do lugar onde, do tempo quando e de quem com quais, facilita o esforço e por certo enobrecerá os propósitos da Agenda Diplomática de Lisboa que, oxala, um dia possa ser apenas um critério de selecção ao lado de outros critérios e não apenas uma maior ou menor quantidade de dados para fingir que temos agenda.

Aqui se deixa o e-mail: agendafactos@gmail.com endereço que vale por assinatura da intenção expressa e que não é a rogo.

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